Para quem gosta de cultura e de velas aqui vai...
Desde a morte de Alexandre da Macedónia, no ano 323 a.C., povos que governaram na Palestina, fizeram contínuos esforços para obrigarem o povo judeu a abandonarem sua fé e adoptarem ideias, costumes, crenças e práticas de idolatrias pagãs.
O Rei Antíoco da Síria, em 175 a.C. empregou a força, culminando com a profanação do Templo de Jerusalém, obrigando os judeus, sob pena de serem torturados e mortos, a ajoelharem-se ante os ídolos que ali instalou e os adorarem.
Um audaz grupo de judeus se rebelou; foi uma luta de um punhado de homens contra um enorme e armado exército sírio. Ainda assim, chegaram a derrubar seus inimigos, a princípio nos montes da Judeia e, mais tarde em toda a região, até Jerusalém.
Três anos após a profanação feita pelos sírios, os macabeus -nome pelo qual esses guerreiros ficaram conhecidos, entraram no Templo a fim de voltaram a dedicá-lo exclusivamente a Deus. Feita uma busca no Templo, encontraram somente um frasco de azeite intacto e inviolado. Este continha azeite suficiente para iluminar um único dia, mas ocorreu um milagre e a chama permaneceu acesa durante oito dias.
Para recordar a vitória desses homens e o milagre da chama, a cada ano, por milénios, durante oito dias, judeus do mundo inteiro festejam o Chanucá (em port.:inauguração), cujo nome refere-se à reinauguração do Templo, após a vitória.
Chanucá (pronuncia-se ¨ranucá¨) também conhecida como ‘Festa das Luzes’, é celebrada pelos judeus, que acendem todas as noites durante esse período, o menorát (que é um tipo de candelabro).
A fim de distinguir as luzes de Chanucá, elas devem ser acesas em lugar diferente de onde acende-se velas o ano inteiro e, imediatamente após o surgimento das estrelas. As velas deverão iluminar por meia hora, no mínimo. Até algum tempo atrás, colocava-se a menorát do lado de fora da casa, na entrada; hoje, pode-se acender perto de uma janela ou porta, contanto que seja vista por quem passe já que, o propósito é divulgar publicamente o milagre.
A maioria das pessoas usa velas normais de parafina; outras, preferem acender pavios dentro de óleo, em recordação ao milagre no Templo. A azeitona e seu óleo são símbolos do Povo Judeu, pois “consegue-se azeite mais puro prensando a azeitona com força¨.
À noite, acende-se com uma vela auxiliar (shamash) um candelabro de oito braços (menorát). Na primeira noite acende-se uma, adicionando-se outra a cada noite, até a oitava, quando todas as velas estarão acesas .Acreditam que uma chama é suficiente para acender a fé e, sendo pura, sua luz aumentará dia a dia.
O conjunto das velas simboliza a humanidade e, cada vela representa o ser humano, uma vez que ¨a alma é a vela de Deus¨
O Shamash - a vela com a qual acende-se as demais - representa os desafios perante o mundo em que vivemos.
Noite após noite, o shamash cumpre fielmente sua tarefa de acender as luzes. A cada noite, ele dá as boas vindas à recém-chegada e a coloca em seu lugar de direito, na fileira crescente: duas chamas, três chamas, quatro chamas… O shamash as induz à vida, e então fica de guarda, temendo que alguma vacile e precise de um novo impulso de luz.
Mesmo assim, o shamash não conta. Embora seja um doador de luz para os outros, nunca atinge o status de uma luz de Chanucá em si mesmo. ¨Apesar – na verdade, por causa – disso, o shamash eleva-se sobre todas as outras luzes da menorát¨(sic)
Segundo estudiosos do Judaísmo, em nosso quotidiano, frequentemente nos deparamos com pessoas cujos “pavios” estão apagados. São aquelas que, por qualquer motivo, estão tristes, sozinhas, desamparadas ou abandonadas. A escuridão de suas vidas torna-se cada vez mais densa à medida que seus objectivos parecem-lhe mais e mais distantes ou até mesmo impossíveis. Pessoas estas que não precisam de muito; apenas de nossa atenção, carinho, amor e dedicação.
Podemos ser velas, dissipando a escuridão. Uma ilumina um canto, juntas, o mundo.